
Há quem acredite que, para ser cineasta no Brasil, basta praticar o lema "uma câmera na mão, uma ideia na cabeça". Mas nem a autoria da citação, nem a prática do papa cinemanovista são tão verídicas assim. "Atribuíram a frase a Glauber Rocha, mas não é dele. Como ele poderia filmar em película e levar uma equipe inteira para o nordeste, fora os custos de montagem e finalização, sem grana?" esclarece Paulo Mainhard, de 31 anos, quatro de direção, com dois curtas selecionados e premiados em festivais regionais no Rio de Janeiro e outros dois em finalização. Assim como Mainhard, há uma galera entre 25 e 35 anos e com formação universitária variada que está escrevendo novas páginas do cinema nacional.
Detalhe importante: nenhum dos entrevistados dessa reportagem possui padrinhos, madrinhas ou "QI" (o famosoquem indica) no restritíssimo mercado do cinema brasileiro. E nem por isso deixam de investir e apostar nessa arte, como fizeram André Rangel e Marcos Negrão, de 31 e 33 anos, respectivamente. O primeiro brincou bastante com uma câmera VHS durante a adolescência e ingressou no curso de Rádio & TV da Eco-UFRJ sem ter grandes certezas de qual rumo profissional seguiria. O outro se formou em relações internacionais e conquistou um cargo de gerente de marketing de uma indústria de celulose. No entanto, seus caminhos se cruzaram em 2003.
"Na época, eu era sócio numa finalizadora e ainda não tinha pretensões autorais. Nos conhecemos na edição de um material feito pelo Marcos sobre a Birmânia (que resultou no micro-documentário Birmânia - O Dragão Adormecido, exibido no Fantástico, da Rede Globo). Fomos afinando a parceria até o ponto em que largamos nossos trabalhos e juntos abrimos a Enigma Filmes em 2007, já para divulgar o nosso curta de estreia", detalha Rangel.
Filmado em dois meses e com o tempo total de 15 minutos, o documentário Urubus têm asas trata de uma comunidade extrativista de caranguejos do município de Macaé quase destruída pela poluição da Baía de Guanabara, mas que por meio da reciclagem e de projetos voluntários conseguiu alcançar novos voos. Com uma poética sem rodeios, porém luminosa, a obra conquistou prêmios no Festival do Rio (melhor curta em júri popular em 2008), Festival da Amazônia (melhor filme em júri popular em 2009) e Artivist Film Festival, em Hollywood (vencedor do prêmio melhor filme sobre preservação ambiental, também em 2009), entre outros, somando oito premiações. Além desses, foi selecionado para premières brasileiras em dois grandes museus: MoMA (Nova Iorque) e o de Berlim.
O curta foi o propulsor para o início da nova jornada da dupla, dessa vez no Himalaia e em longa metragem. "A ideia de Terra da Lua Partida partiu do contato com um produtor de lá que nos contou como a tribo da cordilheira está sofrendo as mudanças climáticas", conta Rangel, que ficou no Rio editando e avaliando necessidades e caminhos para a obra enquanto Negrão passou seis meses no trajeto Brasil - Índia, registrando histórias e os efeitos do aquecimento global entre 2009 e 2010.
Segundo o diretor, um dos trunfos da obra, lançada no ano seguinte, foi a relação estreita estabelecida com a comunidade, que além de ser a principal personagem, participou também da equipe de filmagem. também colaborava com a equipe de filmagem."Tínhamos medo de cairmos nos clichês do olhar ocidental. No entanto, eles entenderam a proposta, gostaram, nos premiaram como melhor filme do Katmandu Mountain Film Festival e publicaram críticas lindas", relata. Além dessa láurea, abocanharam outros quatro prêmios e entraram nas mostras competitiva e ambiental do IDFA (International Documentary Film Festival Amsterdam), o "Oscar" do documentário, entre outros festivais em 2010.
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Detalhe importante: nenhum dos entrevistados dessa reportagem possui padrinhos, madrinhas ou "QI" (o famosoquem indica) no restritíssimo mercado do cinema brasileiro. E nem por isso deixam de investir e apostar nessa arte, como fizeram André Rangel e Marcos Negrão, de 31 e 33 anos, respectivamente. O primeiro brincou bastante com uma câmera VHS durante a adolescência e ingressou no curso de Rádio & TV da Eco-UFRJ sem ter grandes certezas de qual rumo profissional seguiria. O outro se formou em relações internacionais e conquistou um cargo de gerente de marketing de uma indústria de celulose. No entanto, seus caminhos se cruzaram em 2003.
"Na época, eu era sócio numa finalizadora e ainda não tinha pretensões autorais. Nos conhecemos na edição de um material feito pelo Marcos sobre a Birmânia (que resultou no micro-documentário Birmânia - O Dragão Adormecido, exibido no Fantástico, da Rede Globo). Fomos afinando a parceria até o ponto em que largamos nossos trabalhos e juntos abrimos a Enigma Filmes em 2007, já para divulgar o nosso curta de estreia", detalha Rangel.
Filmado em dois meses e com o tempo total de 15 minutos, o documentário Urubus têm asas trata de uma comunidade extrativista de caranguejos do município de Macaé quase destruída pela poluição da Baía de Guanabara, mas que por meio da reciclagem e de projetos voluntários conseguiu alcançar novos voos. Com uma poética sem rodeios, porém luminosa, a obra conquistou prêmios no Festival do Rio (melhor curta em júri popular em 2008), Festival da Amazônia (melhor filme em júri popular em 2009) e Artivist Film Festival, em Hollywood (vencedor do prêmio melhor filme sobre preservação ambiental, também em 2009), entre outros, somando oito premiações. Além desses, foi selecionado para premières brasileiras em dois grandes museus: MoMA (Nova Iorque) e o de Berlim.
O curta foi o propulsor para o início da nova jornada da dupla, dessa vez no Himalaia e em longa metragem. "A ideia de Terra da Lua Partida partiu do contato com um produtor de lá que nos contou como a tribo da cordilheira está sofrendo as mudanças climáticas", conta Rangel, que ficou no Rio editando e avaliando necessidades e caminhos para a obra enquanto Negrão passou seis meses no trajeto Brasil - Índia, registrando histórias e os efeitos do aquecimento global entre 2009 e 2010.
Segundo o diretor, um dos trunfos da obra, lançada no ano seguinte, foi a relação estreita estabelecida com a comunidade, que além de ser a principal personagem, participou também da equipe de filmagem. também colaborava com a equipe de filmagem."Tínhamos medo de cairmos nos clichês do olhar ocidental. No entanto, eles entenderam a proposta, gostaram, nos premiaram como melhor filme do Katmandu Mountain Film Festival e publicaram críticas lindas", relata. Além dessa láurea, abocanharam outros quatro prêmios e entraram nas mostras competitiva e ambiental do IDFA (International Documentary Film Festival Amsterdam), o "Oscar" do documentário, entre outros festivais em 2010.
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